A cidade estende o seu território por espaços onde se instauram vários tipos de ordem. De um modo geral, aquilo a que chamamos os lugares, na sua acepção iminentemente topológica, corresponde às zonas de influência em que em diferentes escalas, as instituições controlam a vida comunitária. A complexidade de relações que existe entre as várias partes constituintes de um lugar, do quarteirão ao bairro, prova que aquilo a que chamamos urbanidade é um quadro riquíssimo de costumes, de formas e de modos de apropriação. É no jogo das figuras onde várias “redes” finas ou grossas se entrecruzam que uma espécie de desenho urbano vai tomando forma. Aquela ordem que se desenvolve no tempo e no espaço não deixa nunca de ser reforçada pelo próprio tempo, enquanto factor de mudança. Por outro lado, a lei, como invenção humana pretende garantir a manutenção de todas as ordens implicadas no processo de convivência entre habitantes. A cidade, como é óbvio, não escapa a esta lógica. Contudo, nenhuma cidade se apresenta como um desenho perfeito. É como se no desencaixe das suas estruturas sobrevivessem “terras-de-ninguém”, onde o controlo e a transgressão disputam o seu território. É dos vários tipos de tensão que se geram no habitante entre a ordem e o caos, que iremos tratar em “Territórios da Transgressão”.
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